E se eu apenas desistir? Eu seria mais feliz?

Eu sou uma garota de 15 anos e, todos os dias, me esforço ao máximo, estudando sem parar, na esperança de receber algum elogio da minha família. Mas esses elogios nunca chegam. Nem um simples “bom trabalho”. A cada esforço, parece que sou invisível para eles, como se tudo que faço fosse esperar um reconhecimento que nunca vem. Na escola, sou a pessoa que escuta todos os problemas, que dá conselhos e tenta ajudar, mas quase nunca sou eu mesma. Eu sou aquela menina que sorri o tempo todo, que se cala para que os outros se sintam confortáveis, mas que se perde no caminho. Sou como uma santa, uma versão de mim mesma que não existe de verdade, e talvez isso esteja me destruindo aos poucos. A expectativa é de que eu nunca fale o que penso, nunca me oponha a nada. Eu sou apenas uma ouvinte, alguém que concorda com todos, mas não tem o direito de ser quem é. Os poucos que eu pensei serem meus amigos, na verdade, só querem me usar. Eles só se lembram de mim quando precisam de alguém para desabafar, para aliviar suas próprias angústias. Eu fico ali, em silêncio, absorvendo as frustrações deles, enquanto minha própria voz permanece calada. No intervalo, fico sozinha, na maior parte do tempo. Uma hora inteira, que deveria ser um momento de descanso, se transforma em um tempo vazio, sem companhia, sem risos. Nos outros intervalos, de apenas 20 minutos, eu fico com a sensação de que o tempo passa muito rápido, e nem dá tempo de tentar me conectar com alguém. Ganhei uma medalha por ser a segunda melhor aluna da sala, uma posição que deveria me encher de orgulho. Mas ninguém se importa. Nem um “parabéns”. Só me dizem que, como não fui a primeira, falhei, que eu deveria ser a melhor, e que nunca posso errar. Essa pressão constante, essa cobrança sufocante, me faz sentir como se estivesse sempre em dívida com o mundo. Sinto que sou invisível e que, no fundo, ninguém realmente se importa. Às vezes, me pergunto se sou mesmo capaz de amar, se sou capaz de sentir aquilo que todo mundo fala sobre, mas que nunca experimentei de verdade. Acho que sou arromântica. Nunca me apaixonei, nem sequer senti uma necessidade verdadeira de estar com alguém. Talvez, se tivesse recebido mais carinho ao longo da vida, eu saberia o que é o amor. Ou talvez eu só seja assim, sem um grande desejo de me entregar a esse tipo de sentimento. Às vezes, a dor parece maior do que eu posso suportar. Fico pensando em como seria se eu sumisse, se eu simplesmente desaparecesse. O que eu sentiria? O vento em meu rosto, a sensação de liberdade… talvez fosse isso o que eu mais precisasse. Talvez, finalmente, encontrasse a paz. Ou talvez não, talvez eu fosse para algum lugar ainda mais doloroso, punida por ser quem sou, por não corresponder às expectativas de todos. Será que alguém sentiria minha falta? Meu irmão, que sempre foi a única pessoa a me ouvir de verdade, está passando por momentos difíceis. A gente briga muito agora, e eu me pergunto se a culpa disso é minha. Talvez, se eu fosse diferente, tudo fosse mais fácil para ele também. Sinto que sou constantemente comparada com os outros, com pessoas que são melhores, mais felizes, mais perfeitas. Minha mãe e minha professora dizem que isso é bobagem, que eu não devo me preocupar com isso, mas não posso evitar. Não sou bonita, não sou perfeita, e talvez seja por isso que minha ausência não faria falta para ninguém. Eu fico observando o céu, vendo aquelas nuvens se movendo lentamente, e me pergunto o que seria ser tão livre, como elas. O céu é tão grande, tão lindo, tão sem limites. Se um dia eu tivesse que ver o céu pela última vez, e dar um último abraço no meu irmão, talvez eu finalmente encontrasse a felicidade. Mas são só perguntas, não é? Tantas perguntas. Eu sou uma garota curiosa, acho, sempre querendo saber mais, sempre buscando algo que eu não entendo, mas que sinto que talvez me defina de alguma forma. Eu espero que isso não seja ruim. Eu não quero ser uma garota má.

18-11-2024 09:20:19

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